Volta à página principal Título Bairro da Urca  
 

   
       
     História Aprofundada do Bairro  
 

Texto de propriedade de Milton Teixeira – SINDEGTUR/RJ – cedido como colaboração.
 
 BAIRRO DE BOTAFOGO E SUA HISTÓRIA COM A URCA.

 

O tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase terminou na mesma ocasião. Com efeito. o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá (1542-67) fundara a 1°. de março de 1565 a "Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro", na base do "Morro Cara-de-Cão, na Urca, onde hoje existe o Centro de Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não só marcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presa fácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada França Antártica" que havia se estabelecido em 1555 onde hoje e a ilha de Villegaignon.

No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime de sesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações, além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas ao beneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bem como desenvolver alguma cultura nelas.

 

Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuro Vereador, sesmeiro e "Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião", o vicentino Antonio Francisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada das futuras praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura da casa "Carioca", erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do Rio Carioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras de Francisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros de Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte).

A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serão batizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o “Berquo" ou "Broco", próximo ao "Morro São João'' assim chamado no final do sec. XVII em lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquo da Silveira; sendo o outro rio o "Banana Podre", em grande  parte canalizado e acompanhando o trajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades.

Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais ou menos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...), sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tão calmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de "Le Lac", (o Lago).

 
Associação de Moradores e Amigos da Urca   
 
 
Curiosidades do Bairro   
Fotos artísticas e históricas do bairro da Urca   
Pinturas antigas retratando a baía de Guanabara e o Pão de Açúcar.   
Serviços no bairro, telefones, endereços.   
Mapas interessantes da Urca antiga.   
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Legislação específica da Urca, o PEU, tombamentos.   
Memória de fatos importantes da história recente do bairro da Urca   
Foto da Urca   
 
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 Os índios tamoios, primitivos habitantes, na se sensibilizaram com a beleza da enseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de "ltaoca" (casa de pedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje e o Humaitá (fica no final da rua  Icatu).

 
 

A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a "Enseada de Francisco Velho". E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos.

Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicional família vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reais europeias. Em Portugal, a família era possuidora do  tradicional ''Paço de Antas", daí o sobrenome.

O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada  com outro fundador do Rio de Janeiro, Antonio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literatura romântica do sec. XIX como o pai de "Ceci", do romance '"O Guarani", de José de Alencar.

 

Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da cidade para o Morro do Castelo, a  família Velho passou a residir em morada erguida onde hoje existe o imenso edifício neo-clássico da "Universidade do Brasil", na Avenida Pasteur, antiga "Praia da Saudade".

Deve-se em boa hora lembrar que a topografia de então era bem diferente da atual. Não existia a Praia Vermelha, nem o terrapleno onde hoje figura a Praça General Tibúrcio. O Morro da Urca, junto com o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam uma ilha separada do continente. O oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as praias da Saudade e Botafogo. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a Urca ao continente.

 

Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro "sequestrado" no Rio de Janeiro, pois foi capturado em Janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao mato cortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vida pelos Portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro da Glória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco  canoas portuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até o próprio São Sebastião em pessoa apareceu para "dar uma mãozinha". O embate entrou para a história como a "Batalha das Canoas".

 

Já bem idoso,  Francisco Velho vendeu suas terras em 1590 ao seu colega de aventuras, o alentejano de Elvas João Pereira de Souza Botafogo (15407-1605), sertanista famoso, e que deixara Portugal, ao que se diz, por embaraços financeiros. João Pereira emprestaria seu nome em definitivo ao bairro, que se chamou Botafogo desde então. O curioso e que possivelmente não era nome de nascença, mas sim apelido, muito comumente dado em Portugal aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogo manuais.

Portanto, os dois primeiros moradores do bairro já sofriam de velhos problemas cariocas: sequestro (Antonio Francisco Velho) e inadimplência (João Pereira de Souza Botafogo).

BAIRRO DA URCA

 

 

Este bucólico bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro foi criado a partir de 1921. Ate então não existiam as Avenidas Portugal e João Luís Alves. O acesso para a Fortaleza de São João era feito através de embarcação. A ideia de ligar a Praia da Saudade (atual Avenida Pasteur) à Fortaleza partiu do comerciante português e Voluntário da Pátria Domingos Fernandes Pinto, entre 1860/70. "Olhando para a então pequena praia da Urca onde havia apenas um coqueiro e uma casa de pescador, planejou transformar o local num bairro, ou melhor, numa nova cidade, com prédios obedecendo a um novo estilo, elegante e artístico".

 

Em marco de 1895 Domingos Fernandes assinou contrato com a Intendência Municipal objetivando construir um cais ligando a Praia da Saudade à Fortaleza de São João. A ponte Domingos Fernandes Pinto (que liga Avenida Marechal Cantuária à Avenida Pasteur é resultado deste primeiro momento de obras). Em agosto de 1901 foi criada a firma Domingos Fernandes Pinto & Cia a fim de continuar as obras de 1895. O sonho de Domingos Fernandes de criação de um bairro foi embargado pelo Exército que temia que esta obra viesse a tornar a Fortaleza de São João vulnerável.

 

Mas a criação do cais foi de utilidade para a Fortaleza facilitando a ligação da Praia da Saudade com uma trilha na encosta do morro que acenava a fortaleza. Essa trilha foi o embrião da atual Av. São Sebastião.

Em 1921 o Engenheiro Oscar de Almeida Gama criou a Sociedade Anônima  Empresa da Urca objetivando a construção de cais ligando a Praia da Saudade à Fortaleza. Neste período governava a cidade o prefeito Carlos Sampaio, que incentivou a obra realizada. A Sociedade foi responsável pela construção do ancoradouro de barcos junto à ponte, ( o ancoradouro foi criado para servir como piscina para competições, possuindo fundo azulejado e arquibancadas), do cais que corre pela atual Avenida João Luis Alves e Avenida Portugal e do Hotel Balneário (que funcionou como Cassino da Urca de 1934 a 1946 e TV Tupi, de 1951 a 1980).

 

Em setembro de 1922 a Avenida Portugal foi oficialmente inaugurada.

 
 

 

 
  Fortaleza de São João: reduto de São José